As distribuidoras terão dificuldades de competir com integradores no mercado residencial de geração distribuída (GD), avaliam dirigentes da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). Representantes do setor apontam que as grandes companhias não têm a mesma agilidade na tomada de decisão e no atendimento ao consumidor das empresas menores e especializadas.
“O setor morria de medo da atuação das grandes distribuidoras na microgeração, mas, recentemente, a CPFL saiu desse mercado. A minha análise é que ela não conseguiu competir com a agilidade do integrador. Vejo isso como uma tendência”, declarou o presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk, durante webinar promovido pela Ecori Energia Solar.
Na mesma transmissão, a vice-presidente de geração distribuída da ABSOLAR, Bárbara Rubim, que é fundadora e CEO da consultoria Bright Strategies, apontou que a velocidade na tomada de decisões é muito importante e empresas menores se destacam nesse quesito. “Em grandes grupos, acontece de levar um ano para aprovar um projeto piloto de GD. A tomada de decisão é mais rápida em uma empresa menor, o negócio começa a girar e ganha escala. As distribuidoras perdem muito na velocidade e flexibilidade de atendimento.”
Ela também ressaltou que pesquisas de opinião mostram que um dos principais motivos que atraem os consumidores na possibilidade de gerar a própria energia é justamente se livrar das distribuidoras. “Sem dúvida, a presença de distribuidoras nesse mercado é uma concorrência desleal. Mas o fato dela carregar o mesmo nome não é necessariamente uma vantagem para o consumidor.”
O CEO da Ecori, Leandro Martins, acrescentou que essa concorrência tem maior acirramento em outros países, onde a burocracia é mais simplificada para os atuantes no mercado de geração distribuída. “No Brasil, a distribuidora tem que cumprir uma série de exigências. Aqui, a homologação de sistemas fotovoltaicos é demorada e, muitas vezes, tem que ser refeita.”
“Em outros lugares, aconteceu dessa concorrência prejudicar muitos integradores, mas não acredito que isso ocorra no Brasil, que tem um mercado muito diferente. A burocracia interna das concessionárias também dificulta isso”, assinalou o executivo.
Em maio, a CPFL anunciou a saída do mercado de GD solar para clientes residenciais, pouco mais de três anos após o lançamento da marca Envo. A companhia decidiu focar seus serviços nos grandes consumidores. A decisão foi tomada após a empresa de energia avaliar que há uma grande competição por preços com outras empresas instaladoras de painéis solares.