Marco legal fixa regras para quem quer investir em usinas renováveis

Com o marco legal, essas regras ficam garantidas até dezembro de 2045, criando segurança jurídica para quem quiser investir em projetos para gerar a própria energia

Desde o início do ano, o produtor rural tem mais garantias legais para investir em fontes renováveis de geração de energia, como usinas fotovoltaicas e/ou de biodigestores. Em 7 de janeiro, foi publicada a sanção da presidência da República à Lei 14.300/22, que instituiu o marco legal da microgeração e minigeração distribuída. Na prática, a nova legislação estabelece regras e traz definições para que consumidores – sejam do campo ou da cidade – possam gerar a energia que consomem, por meio de fontes renováveis. Se ao longo dos últimos anos o setor rural já vinha investindo, a expectativa é de que o marco legal intensifique ainda mais o número de usinas insta- ladas em propriedades rurais.

Antes da lei, a micro e minigeração distribuída eram regidas por resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Ou seja, o regramento poderia ser mudado a partir de novas decisões da autarquia. Com o marco legal, essas regras ficam garantidas até dezembro de 2045, criando segurança jurídica para quem quiser investir em projetos para gerar a própria energia. Além disso, a lei torna claros todos os pontos relacionados ao tema, como a forma de consumo dos créditos e a possibilidade de vender o excedente de energia – que foi gerada por determinada unidade e não consumida.

“O marco legal é muito bem-vindo porque traz segurança jurídica, clareza e previsibilidade. Isso é importante para a economia financeira, porque o cidadão, e no nosso caso, o produtor rural, pode deixar de ser um cliente das concessionárias, para gerar sua própria energia a partir de fontes baratas, renováveis e sustentáveis dos pontos de vista social, econômico e ambiental”, diz Ágide Meneguette, presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR.

Quem já pensava em investir deve se apressar para tirar os projetos do papel e aproveitar as condições favoráveis. O consumidor que solicitar a instalação de usina até o fim de 2022 não precisará pagar pelo uso da rede da concessionária. Quem apresentar o pedido após 2023 terá que pagar um porcentual sobre alguns componentes tarifários (como remuneração dos ativos, depreciação e custo operacional e de manutenção do serviço de distribuição). Segundo a lei, esse porcentual será gradativo, começando em 15% no ano que vem, chegando a 90% para quem fizer a instalação a partir de 2028.

“Quem já está operando ou quem fizer o pedido neste ano, estará livre dessa tarifação. Nós esperamos que, com o marco legal, haja um aumento do número de projetos. A tendência é que vejamos, cada vez mais, propriedades rurais produzindo a sua própria energia”, aponta Luiz Eliezer Ferreira, do Departamento Técnico e Econômico (DTE), do Sistema FAEP/ SENAR-PR.

O aumento da demanda já é sentido no mercado. Para o co-fundador e diretor comercial da Tab Energia, Michel Kazmierski, além de trazer clareza e previsibilidade para o setor, a lei deve provocar uma corrida por novos projetos, principalmente por prever isenção tarifária a quem solicitar a implantação ainda neste ano. A expectativa dos fornecedores é de que a procura aumente 60% neste ano.

“Vários produtores que estavam estudando implantar os projetos agora têm uma janela de um ano para aproveitar essa oportunidade de isenção total. Isso tem deixado o mercado animado”, diz Kazmierski. “O agricultor tem que entender que a geração de energia é extremamente estratégica. Vai torná-lo um exemplo para a sociedade e, ao mesmo tempo, aumentar sua renda, o livrando do custo da energia, que tem crescido acima das taxas de inflação”, acrescenta.

Para o governo do Paraná, as perspectivas também são positivas. Até janeiro deste ano, o Programa Paraná Energia Rural Renovável (Renova-PR) tinha mais de 1,6 mil projetos aprovados pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), dos quais 881 já estão nos bancos, totalizando R$ 140,9 milhões financiados. A partir da divulgação da lei, o coordenador do programa, Herlon Goelzer de Almeida, estima que haja um aquecimento da demanda, tanto por usinas solares fotovoltaicas, quanto por unidades de biogás ou biometano.

“A recomendação que eu dou é que os produtores façam os investimentos neste ano, para aproveitar essa isenção total”, aponta Goelzer.

Quem já investe na geração da própria energia também vê o marco legal com bons olhos. O agropecuarista Lucas Sirotti, por exemplo, conhece bem a viabilidade das fontes renováveis de energia. Uma das propriedades da família, no município de Rancho Alegre, é voltada à piscicultura, com estrutura para alojar 520 mil tilápias por lote. Desde março de 2020, a unidade conta com uma usina fotovoltaica que gera mais de 60% da energia consumida. Em outra propriedade da família em Goioerê, voltada à avicultura, os Sirotti também instaram um conjunto solar, que gera 92% da energia consumida.

“A lei resolveu a questão da transmissão de energia e estimula o produtor a olhar como um investidor, não como uma pessoa qualquer. Essa taxação [do uso da rede] eu vejo como algo importante, para que haja investimentos na rede, em linhas mais modernas. Nada é de graça. Se não tivermos investimentos, tudo fica para trás”, aponta Sirotti.

Lei abre possibilidade de venda de energia não consumida

O marco legal também cria a possibilidade de micro e mini geradores venderem a energia excedente (produzida e não utilizada) à distribuidora. De acordo com a lei, a comercialização deverá ocorrer a partir de chamadas públicas, por meio das quais as empresas credenciarão os interessados em vender a energia que geraram e não consumiram. Esse processo, no entanto, ainda precisa ser regulamentado pela Aneel.

Ainda assim, a simples perspectiva de poder vender o excedente gerado já anima produtores rurais, dos pequenos aos grandes. Em Guarapuava, na região Centro-Sul, o agropecuarista Losmir João Spuldaro é um dos que já esfrega as mãos. Oito meses atrás, ele instalou um conjunto de 28 painéis fotovoltaicos em sua propriedade, voltada à criação de carneiros e produção de soja e milho. Mais de 40% da energia gerada, no entanto, não são consumidos e permanecem na rede da Companhia Paranaense de Energia (Copel), como créditos que pode utilizar futuramente. O produtor rural João Spuldaro

“Essa é uma energia sobrando e que não vou usar. A Copel poderia comprar esse excedente. Essa é a nossa esperança. É algo que poderia ajudar o produtor, inclusive, a pagar o financiamento da instalação. Mais gente poderia ser incentivada a montar sua usina. Seria bom para todos”, diz Spuldaro, que investiu R$ 40 mil na implantação dos painéis fotovoltaicos.

Outro pequeno produtor, Devanir Fachi também tem um excedente ocioso de energia. Ele implantou uma usina fotovoltaica em agosto de 2019, pensando em começar na pecuária leiteira, em sua propriedade, em Nova Cantu, Noroeste do Estado. O mau momento do mercado de leite fez com que ele mudasse os planos. Hoje, Fachi produz milho e gado de corte. A energia produzida pelos painéis abastece, com folga, a propriedade rural e a casa da família, em Ubiratã, também no Noroeste. Se a possibilidade de vender o excedente se concretizar, ele cogita instalar mais painéis, para gerar uma fonte de renda.

“Quase a metade da energia gerada na nossa usina não é utilizada. Está como créditos na rede. Para o produtor, seria ótimo se a Copel passasse a comprar essa energia. Isso reduziria o tempo de retorno do investimento e muitos outros se sentiriam estimulados a investir. Se fosse o caso, eu mesmo, pensaria em aumentar algumas placas. Tem muitos espaços livres no campo que poderiam ser aproveitados para gerar energia”, aponta Fachi. Devanir Fachi também investiu em painéis solares

Mais que simples alternativa, fontes renováveis já são realidade


O alto custo da energia elétrica foi o que levou Losmir João Spuldaro a pensar em investir em um conjunto de painéis fotovoltaicos. A partir da instalação da usina, ele passou a pagar a taxa mínima de uso da rede, em torno de R$ 20. Na avaliação do produtor rural, mesmo para pequenos e médios produto- res, o investimento vale a pena. A expectativa de Spuldaro é recuperar o investimento em quatro anos. “Eu tomava um susto quando chegava a conta da energia. Pagava R$ 800 por mês. Agora, só tem a taxinha de uso de rede. Não tem desvantagem: a usina não toma espaço, é uma energia limpa e que tem de sobra. Nunca precisei chamar nem manutenção. O produtor que tem condições de investir, tem que partir para isso”, recomenda Spuldaro.

Devanir Fachi também está satisfeito com a sua usina fotovoltaica. Para ele, a geração da energia no campo dá uma autonomia ao produtor rural para definir novos projetos e, se for o caso, até para migrar para outra atividade que demande maior consumo de energia. “Sinceramente, eu recomendo. Mesmo que o tempo de retorno de investimento demore um pouco mais, é um negócio que vale a pena. O produtor precisa se organizar para ter a sua usina, porque não dá para ficar sem”, diz. Lucas Sirotti planeja investir na terceira usina fotovoltaica da família Por sua vez, Lucas Sirotti já pensa em implantar o terceiro conjunto de painéis em propriedades da família. O projeto, no entanto, foi adiado por causa da quebra de safra recente, que fez o grupo replanejar os negócios. Por outro lado, o agropecuarista defende estímulos concretos do poder público, que tornem os investimentos mais atrativos.

“A safra adversa atrapalhou os planos, mas temos a intenção de ampliar. É um investimento totalmente viável”, resume. “Eu ainda acho os impostos muito pesados. Tem ICMS, Finame, PIS/Cofins… Cerca de 50% dos custos ficam em impostos. Se os governos federal e estadual quisessem incentivar, teriam que fazer como em países desenvolvidos, que têm impostos com taxas fixas”, opinou. Também em 2021, a entidade lançou a cartilha “Energia Solar Fotovoltaica – geração de energia renovável no campo”. O material de 16 páginas é um guia que traz um panorama completo, abordando desde os conceitos básicos até um passo a passo para quem quer implantar painéis em sua propriedade. A publicação está disponível aqui.

Ceará chega a 100 megawatts de geração distribuída solar fotovoltaica

O Estado do Ceará acaba de atingir a marca história de 100 megawatts (MW) de potência operacional na geração distribuída solar fotovoltaica, com 7.188 mil sistemas instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos de residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos.

Segundo mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o Ceará ocupa atualmente o nono lugar no ranking estadual de geração solar distribuída e lidera a região nordeste com a maior potência instalada solar na modalidade.

Os sistemas fotovoltaicos em operação no estado já estão presentes atualmente em 173 municípios cearenses, o que representa 94% dos municípios do estado. São 9.094 consumidores de energia elétrica que já contam com redução na conta de luz e maior autonomia e segurança elétrica.

Um dos destaques no Ceará é a capital, Fortaleza. Sozinha, ela possui 29,8 MW operacionais e ocupa a terceira posição no ranking municipal de geração distribuída solar fotovoltaica, dentre todos os municípios do País.

Para Jonas Becker, coordenador estadual no Ceará da ABSOLAR, o estado tem assumido um protagonismo cada vez maior no desenvolvimento da fonte solar. “A tecnologia fotovoltaica representa um grande potencial de desenvolvimento sustentável, econômico e social para os cearenses, com geração de emprego e renda, atração de investimentos privados e colaboração no combate às mudanças climáticas”, comenta.

Geração distribuída fotovoltaica cresce 230% ao ano no Brasil

Desde 2013, a GD (geração distribuída) fotovoltaica cresceu a uma taxa média de 230% ao ano no Brasil, segundo dados divulgados pela ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).

O estudo apontou que em 2019, por exemplo, o país possuía 1 GW de potência instalada de GD. Já em janeiro de 2020, dobrou para 2 GW, e em junho deste ano, alcançou 3 GW.

Uma pesquisa realizada pelo Canal Solar, com base nos dados da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), mostrou que a GD no Brasil teve uma alta de 77,83% no primeiro semestre de 2020 em comparação com o mesmo período do ano passado.

Ainda segundo o levantamento do Canal Solar, de janeiro a junho de 2019 foram registrados 544.193 kW em potência instalada no país. Já no primeiro semestre deste ano, este número foi de 956.807 kW, uma diferença de 412.614 kW.

Energia fotovoltaica cresce 150% ao ano
Outro dado apontado pela ABSOLAR mostrou que nos últimos sete anos a energia fotovoltaica, tanto em geração centralizada quanto em geração distribuída, cresceu no total uma taxa média de 150% ao ano. Desde 2017, a solar vem dobrando a sua capacidade instalada no país. Passou de 1 GW em 2017 para 2 GW em 2018, 4 GW em 2019 e 6 GW em 2020.

“A energia solar cresce aceleradamente no Brasil porque alivia o orçamento das famílias e empresas ao reduzir a conta de energia em mais de 90%. Sabemos pelo Sebrae que a conta de luz é o segundo maior peso nas despesas das micro e pequenas empresas, ficando atrás apenas da folha salarial. Isso tudo além de contribuir muito ao meio ambiente”, explicou Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho da ABSOLAR.

De acordo com a associação, o Brasil assumiu a 16ª posição no ranking mundial da fonte solar fotovoltaica em 2019, integrando a lista dos 20 países com mais capacidade instalada da fonte em operação – somando geração centralizada e distribuída.

Energia solar em propriedades rurais cresce 120%
A potência instalada de energia solar no meio rural brasileiro mais que dobrou no primeiro semestre de 2020 em comparação com o mesmo período em 2019. É o que apontou um levantamento exclusivo realizado pelo Canal Solar.

Nos primeiros seis meses deste ano, a energia fotovoltaica em propriedades rurais atingiu 142 MW de potência, uma alta de 120% frente aos 63 MW de janeiro a junho do ano passado.

Escolas e CMEIS de Foz do Iguaçu terão sistema de energia solar

Projeto foi aprovado pela Câmara de Vereadores neste final de semana e sancionado pelo prefeito Chico Brasileiro

Quarenta escolas e CMEIS (Centros Municipais de Educação Infantil) de Foz do Iguaçu receberão o Projeto Zero Energy, com a implementação de sistema fotovoltaico, gerando energia mais barata, eficaz e menos prejudicial ao meio ambiente. Somente seis cidades paranaenses foram selecionadas e aderiram ao projeto, desenvolvido pelo Governo do Estado do Paraná, através da COPEL e GBC Brasil (Green Building Council).

O projeto de lei que garante investimentos para a implantação do sistema foi aprovado por unanimidade pela Câmara de Vereadores neste final de semana e sancionado ontem (19) pelo prefeito Chico Brasileiro. Com isso, o Poder Executivo está autorizado a contratar com a Agência de Fomento do Paraná operações de crédito, até o limite de R$ 3,9 milhões. A COPEL, que desenvolve o projeto, entrará com recursos de R$ 6,3 milhões, totalizando um investimento de R$ 10,3 milhões.

“Agradecemos aos vereadores pelo empenho em fazer essas sessões extraordinárias e garantir este importante investimento para a educação de Foz do Iguaçu. Este é um projeto que vem sendo discutido há bastante tempo e agora, com apoio do Legislativo e do Governo do Estado, conseguiremos avançar”, destacou o prefeito Chico Brasileiro.

A energia solar fotovoltaica funciona com painéis solares que captam a luz e geram energia elétrica. Esta eletricidade é levada ao inversor solar, responsável pela conversão do tipo de corrente, de contínua para alternada, e então a energia é distribuída para o local. A economia anual prevista gira em torno de R$ 1,6 milhão.

O programa prevê a inclusão na primeira fase de 180 escolas dos municípios paranaenses no projeto de eficiência energética. Em Foz, foram escolhidas as instituições com maior consumo de energia. A iniciativa contribui para redução dos gastos diretos e indiretos com a energia elétrica e também com objetivo de gerar energia mais limpa e sustentável. O município aguarda a Copel definir o cronograma para instalação do sistema.

Caxias do Sul está entre os 10 municípios do Brasil com maior potência instalada de energia solar

Caxias do Sul está entre os 10 municípios brasileiros – único representante do Sul do país – com maior potência instalada de energia solar, totalizando 973 projetos e 15.879,28 quilowatts (kW) implantados nos segmentos comercial, residencial e de propriedades rurais. Destes 973 em funcionamento, 928 foram instalados nos últimos dos anos. O primeiro lugar é ocupado pelo Rio de Janeiro (RJ).

Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), referentes ao mês de julho deste ano. A Sicredi Pioneira RS tem uma parcela expressiva neste crescimento, uma vez que dos 973 projetos de Caxias do Sul, 236 foram financiados pela Linha de Crédito de Energia Solar, disponibilizando cerca de R$ 25 milhões.

“Neste ranking, Caxias do Sul e Uberlândia (MG), a segunda colocada, são os únicos municípios que não são capitais. A cidade gaúcha tem grande potencial para energia solar, devido à quantidade de indústrias, comércio e um interior com forte atuação no agronegócio, todos segmentos consumidores de energia elétrica”, acrescenta Jonas Rauch, gerente de Negócios Estratégicos. O município também ocupa a primeira posição em potência instalada entre as 21 cidades que abrangem a área de ação da cooperativa, que se tornou referência em energia solar, sendo seguido por Novo Hamburgo, com 851 projetos solares e 11.460,26 quilowatts (kW). 

Nem a crise gerada pela pandemia da Covid-19 está freando a expansão da energia solar distribuída no Brasil, que cresceu mais de 90% no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019, segundo a Aneel. Mesmo com o aumento do consumo pelo fato das pessoas estarem mais tempo dentro de casa, quem já tinha o sistema solar instalado continuou economizando até 95% na conta de energia elétrica. Com boas perspectivas, reforçadas pela grande disponibilidade da luz do Sol no país, a Absolar acredita que a fotovoltaica deve continuar crescendo, alavancar a geração de empregos e ainda contribuir para a retomada da economia no Brasil pós-pandemia. “É importante procurar empresas de confiança no segmento, solicitar orçamento em mais de uma delas, aproveitar a atual legislação que traz muitos benefícios e prevê mudanças em 2021. A economia que vem do céu é para todos”, sinaliza Jonas Rauch.

Brookfield Renewable fecha acordo para adquirir projeto de energia solar no Brasil

A Brookfield Renewable fechou acordo para adquirir um projeto avançado de energia solar de 1.200 megawatts (MW) no Brasil, informou nesta segunda-feira a companhia controlada pelo grupo canadense Brookfield.

Segundo comunicado da empresa, o projeto deve ser concluído em 2023, com o valor sendo estimado em aproximadamente 200 milhões de dólares. A Brookfield Renewable acrescentou que 75% do projeto possui contrato de longo prazo de compras de energia atreladas à inflação.

“Essa aquisição representa uma oportunidade única de investir em um dos maiores projetos de desevolvimento de energia solar do mundo… Esse investimento está alinhado com nossa estratégia de adquirir projetos em estágio final de desenvolvimento a valores atrativos”, disse o presidente-executivo da empresa, Sachin Shah, em nota.

A Brookfield Renewable, que não forneceu mais detalhes sobre a negociação ou sobre o projeto, acrescentou que a transação está sujeita a procedimentos costumeiros de conclusão e deve ser finalizada no quarto trimestre deste ano.

Essa é a segunda aquisição consecutiva da Brookfield em energia solar no Brasil. No final de janeiro, a empresa havia estreado no setor no país com a compra de um conjunto de projetos no Nordeste.

Brasil alcança 6 GW em capacidade de energia solar

Investimentos totais previstos até 2025 ultrapassam R$ 25,8 bilhões apenas no mercado regulado

O Brasil ultrapassou a marca de 6 GW de capacidade instalada em usinas fotovoltaicas, um investimento total estimado em R$ 31 bilhões e 180 mil empregos gerados, informou a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) em comunicado divulgado na segunda-feira, 13 de julho. Os investimentos totais previstos até 2025 referentes aos projetos já contratados em leilões de energia ultrapassam R$ 25,8 bilhões.

No segmento de geração centralizada, o Brasil possui 2,9 GW de potência, equivalente a 1,7% da matriz elétrica do país. Atualmente, as usinas solares de grande porte são a sétima maior fonte de geração do Brasil, com 100 empreendimentos em operação em nove estados brasileiros.

No caso da geração distribuída, são 3,1 GW e mais de R$ 15 bilhões em investimentos acumulados desde 2012, espalhados pelas cinco regiões nacionais. A tecnologia é utilizada atualmente em 99,8% de todas as conexões distribuídas no país.

Em 2019, a fonte foi a mais competitiva entre as fontes renováveis nos dois para contratação de nova capacidade (A-4 e A-6), com preços-médios abaixo dos US$ 21,00/MWh.

Nas crises de 2015 e 2016, o PIB do Brasil foi de -3,8 e -3,6%, respectivamente, mas o setor solar fotovoltaico cresceu mais de 100% ao ano.

“A energia solar terá função cada vez mais estratégica para o atingimento das metas de desenvolvimento econômico do país, sobretudo agora para ajudar na recuperação da economia após a pandemia, já que se trata da fonte renovável que mais gera empregos no mundo”, acrescenta”, disse CEO da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia.

Ouro do setor elétrico: energia solar é a que mais gera oportunidades de emprego

O setor gerou cerca de 63 mil empregos em 2019, no Brasil. O SENAI ampliou a oferta de cursos técnicos em energia solar para atender o mercado

Há alguns anos a instalação de placas solares em casa era algo distante da realidade de muitos brasileiros por causa do alto custo. Agora, o Brasil entrou para o grupo de 20 países líderes em energia solar no mundo. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), os sistemas de geração de energia solar, instalados nos telhados de residências e empresas, atingiram 3 GW de potência instalada no país, o que é suficiente para abastecer 1,2 milhão de casas.

A família da jornalista Gabriela Tavares Vale, 23 anos, por exemplo, foi uma das primeiras que resolveu apostar nas placas solares na construção da casa, no Distrito Federal. “Não é barato e, na época, ainda era algo novo, mas meu pai investiu. Direcionamos a conversão da energia captada para o aquecimento de água”, conta Gabriela.

Além da água quente – às vezes, até demais – a geração de energia aliviou o bolso da família. “Tivemos uma redução muito grande na conta. Antigamente, vinha R$ 150 ou 200. Hoje não passa de R$ 100”, relata a brasiliense. O plano, agora, é usar a capacidade de produção em outros equipamentos, como televisão, iluminação e outros eletrodomésticos. “Nos dias de muito sol, captamos bastante energia e poderíamos utilizar para todas essas coisas ao mesmo tempo”, explica Gabriela.

Além de economia, a energia solar também gera empregos

Não são só as casas brasileiras que têm se beneficiado. Além de energia, a tecnologia elétrica solar também gera empregos. De acordo com a associação, em 2019, o setor gerou ao Brasil R$10,7 bilhões em novos investimentos e mais de 63 mil empregos.

Para o presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk, a energia renovável é um agente transformador que pode reduzir o desemprego.

“Em um país com cerca de 13 milhões de desempregados, a energia solar fotovoltaica é um investimento estratégico para a geração de emprego e renda, inclusive em regiões remotas do Brasil”, avalia.

Quem atua no setor elétrico tem se especializado cada dia mais e buscado por profissionais experientes, já que a tendência é de crescimento do mercado. Por isso, cursos de qualificação nesta área estão em alta. Dos 24 cursos voltados para energias renováveis no Serviço Brasileiro de Aprendizagem Industrial (SENAI), 14 se dedicam à energia solar.

Foi em um deles que o hoje estudante universitário Vinícius Paiva de Araujo, 18 anos, se inscreveu em 2016, quando ainda cursava o ensino médio. “Sempre tive muito interesse pela questão física mesmo de como funciona uma placa solar, o que acontece dentro dela pra gerar energia e como as pessoas podem fazer pra melhorar essa tecnologia”, conta o jovem.

Vinícius concilia o curso técnico de Eletricista de Sistemas Fotovoltaicos, no SENAI/DF, com a faculdade de Estatística, na Universidade de Brasília (UnB). O jovem se interessou tanto pelo assunto que ele pretende trocar a Estatística pela Engenharia Elétrica, por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A ideia é se especializar mais para atuar no setor elétrico. “Ainda tem muita coisa pra descobrir e aprimorar nesse mercado de trabalho. Ele ainda é, relativamente, novo e tem espaço para crescer”, afirma o estudante, que conta com o apoio da família.

O SENAI vai ampliar a oferta de cursos voltados para energia solar

De olho na ascensão da profissão, o SENAI vai ampliar a oferta de cursos em energia solar para novos estados, como Mato Grosso, Santa Catarina, Amapá, Amazonas e Piauí. A iniciativa é fruto da parceria com a ABSOLAR, o Ministério de Minas e Energia (MME) e com a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ, na sigla em alemão), por meio da iniciativa Profissionais para Energias do Futuro.

Ronaldo Koloszuk explica que a iniciativa conjunta reforça a responsabilidade das instituições parceiras com a capacitação de qualidade e continuada dos profissionais do setor.

“Com o mercado crescendo exponencialmente, existe uma demanda elevada no setor por profissionais capacitados para instalar sistemas em residências, comércios, indústrias, propriedades rurais, prédios públicos e em usinas de grande porte”, destaca Koloszuk.

Profissionais investem no setor e constroem o próprio negócio

O engenheiro eletricista Leonardo Alves Coelho, 38 anos, se lançou no mercado de energia solar em 2017. Com um sócio, fundou a sua empresa de Energia, especializada em soluções com energias sustentáveis. “Demorou um pouco até eu fechar o primeiro serviço, mas depois deslanchou”, conta Leonardo. Aos poucos, a empresa construiu reputação e uma carteira variada de clientes, desde residências à empresas. De acordo como engenheiro, o investimento feito se paga em até 7 anos e os sistemas têm vida útil de até 25 anos.

Hoje, a empresa conta com três equipes fixas, formadas por profissionais autônomos, que precisam conhecer as exigências de segurança para atuar na empresa. “Fornecemos equipamentos de proteção individual (EPIs), mas o conhecimento das normas é fundamental, nós exigimos os certificados. Na maioria dos serviços é necessário um eletricista formado e alguns auxiliares”, explica o engenheiro. A meta dele é contratar mais colaboradores e expandir a atuação.

Distribuidoras terão dificuldades de competir com pequenas empresas no mercado residencial de geração distribuída, avalia ABSOLAR

As distribuidoras terão dificuldades de competir com integradores no mercado residencial de geração distribuída (GD), avaliam dirigentes da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). Representantes do setor apontam que as grandes companhias não têm a mesma agilidade na tomada de decisão e no atendimento ao consumidor das empresas menores e especializadas.

“O setor morria de medo da atuação das grandes distribuidoras na microgeração, mas, recentemente, a CPFL saiu desse mercado. A minha análise é que ela não conseguiu competir com a agilidade do integrador. Vejo isso como uma tendência”, declarou o presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk, durante webinar promovido pela Ecori Energia Solar.

Na mesma transmissão, a vice-presidente de geração distribuída da ABSOLAR, Bárbara Rubim, que é fundadora e CEO da consultoria Bright Strategies, apontou que a velocidade na tomada de decisões é muito importante e empresas menores se destacam nesse quesito. “Em grandes grupos, acontece de levar um ano para aprovar um projeto piloto de GD. A tomada de decisão é mais rápida em uma empresa menor, o negócio começa a girar e ganha escala. As distribuidoras perdem muito na velocidade e flexibilidade de atendimento.”

Ela também ressaltou que pesquisas de opinião mostram que um dos principais motivos que atraem os consumidores na possibilidade de gerar a própria energia é justamente se livrar das distribuidoras. “Sem dúvida, a presença de distribuidoras nesse mercado é uma concorrência desleal. Mas o fato dela carregar o mesmo nome não é necessariamente uma vantagem para o consumidor.”

O CEO da Ecori, Leandro Martins, acrescentou que essa concorrência tem maior acirramento em outros países, onde a burocracia é mais simplificada para os atuantes no mercado de geração distribuída. “No Brasil, a distribuidora tem que cumprir uma série de exigências. Aqui, a homologação de sistemas fotovoltaicos é demorada e, muitas vezes, tem que ser refeita.”

“Em outros lugares, aconteceu dessa concorrência prejudicar muitos integradores, mas não acredito que isso ocorra no Brasil, que tem um mercado muito diferente. A burocracia interna das concessionárias também dificulta isso”, assinalou o executivo.

Em maio, a CPFL anunciou a saída do mercado de GD solar para clientes residenciais, pouco mais de três anos após o lançamento da marca Envo. A companhia decidiu focar seus serviços nos grandes consumidores. A decisão foi tomada após a empresa de energia avaliar que há uma grande competição por preços com outras empresas instaladoras de painéis solares.

Capacidade instalada de energia solar cresce para 3,9% no Acre

Subiu de 2,3% para 3,9% a potência de energia solar instalada no Acre, que se mantém, desde janeiro de 2020, como o 26º Estado no ranking da geração de energia solar no país.

Quase o dobro do que era no começo deste ano, o avanço da energia solar mostra que os acreanos estão muito interessados em fontes renováveis e de menor custo. Os dados foram atualizados no último dia 2 de julho.

É possível que esta seja uma tendência proporcionada pela pandemia da Covid-19: “Tendências que ainda estavam em estágios iniciais foram aceleradas e consolidadas nestes primeiros meses de pandemia. Um exemplo são as compras on-line. Segundo dados da consultoria McKinsey & Company, 40% dos consumidores brasileiros estão fazendo mais compras on-line durante a pandemia, mesmo havendo cortes de gastos. Além disso, 35% dos consumidores afirmam que pretendem diminuir idas a lojas físicas mesmo após a pandemia. Outro exemplo é o crescimento da prática de home office: 30% das pessoas afirmam que trabalharão mais de casa após a pandemia, segundo a consultoria Accenture”, relata Leandro Tavares no artigo “Pandemia muda perfil do consumidor, que passa a priorizar a sustentabilidade”, publicado pela Comex do Brasil.

Segundo mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a fonte solar fotovoltaica representa 99,8% das instalações de geração distribuída do País, num total de 171 mil sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede e mais de R$ 10 bilhões em investimentos acumulados desde 2012, espalhados pelas cinco regiões nacionais.

A Absolar sempre alerta que, embora siga avançando nos últimos anos, o Brasil – detentor de um dos melhores recursos solares do planeta – continua com um mercado ainda muito pequeno e está aquém de países líderes no setor, como Austrália, China, EUA e Japão, entre outros.

Lideranças políticas do país e do Acre, demonstram que há um consenso suprapartidário sobre a importância estratégica da energia solar fotovoltaica para o desenvolvimento econômico, social e sustentável no país.

Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná mantiveram as primeiras posições no ranking, enquanto Mato Grosso voltou a perder posições e caiu para 11ª posição, perdendo para um velho concorrente, Santa Catarina, que passou para o sétimo lugar.